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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Brasil pode ter crescimento negativo, diz Roubini

Para o economista, que previu a crise com precisão, País vai acompanhar o resto do mundo em 2009

Fernando Dantas, de O Estado de S. Paulo

DAVOS - O Brasil vai acompanhar o resto do mundo num pouso forçado em 2009, com a possibilidade até de ter crescimento negativo, segundo Nouriel Roubini, o prestigiado economista que previu com mais precisão o grande cataclisma financeiro que se abateu sobre a economia global a partir de setembro do ano passado. "O crescimento no Brasil pode ser próximo de zero, pode ser 1%, ou pode até acabar sendo negativo; mas para um país como o Brasil, que tem problemas de pobreza e subdesenvolvimento, qualquer coisa abaixo de 3% já é um pouso forçado", disse Roubini em Davos nesta quarta-feira, 28, de manhã, em conversa com jornalistas, enquanto se preparava para uma maratona de encontro e debates durante o Fórum Econômico Mundial.


Ironicamente, quanto pior fica a economia global, mais sobe o cacife de Roubini, que nos encontros anuais do Fórum em anos recentes previu consistentemente que se caminhava para o desastre. A seguir, alguns dos principais pontos da conversa com Nouriel Roubini.

Economia global

O melhor cenário é aquele no qual só há recuperação em 2010, com um crescimento em torno de 1% nas economia avançadas, mas que vai parecer ainda recessão, com o desemprego continuando a subir. O pior cenário é o de uma estagnação ao estilo japonês por vários anos. Assim, teremos sorte se for apenas uma contração muito feia durante dois anos. Eu diria que há 2/3 de chance de uma contração de dois anos, e 1/3 de uma estagnação de vários anos.

Os dois principais motores do crescimento global são os Estados Unidos, do lado do consumo, e a China, do lado da produção. O primeiro entrou em colapso, e o segundo está caindo. Então você tem basicamente uma aeronave da economia global sem motores de crescimento. O que está acontecendo neste exato momento é um pouso forçado maciço, a primeira recessão global sincronizada, afetando as economias avançadas e os mercados emergentes. Não houve isso nos últimos 50 anos. Esta é a pior crise financeira desde a Grande Depressão. É realmente assustador.

Obama

Eu acho que ele é um grande presidente, é inteligente, carismático, e escolheu uma excelente equipe econômica, Larry Summers (chefe do Conselho Econômico Nacional) e Tim Geithner (Secretário do Tesouro), que vai tentar fazer coisas de forma agressiva e forçada. Mas mesmo o melhor plano, que seja desenhado e implementado com a velocidade suficiente, só vai fazer alguma diferença em 2010. Não vai haver nenhuma recuperação do crescimento este ano, nem nenhuma recuperação do mercado financeiro. O sistema bancário americano está insolvente, as suas perdas esperadas são maiores do que o seu capital. O Tarp 1 e Tarp 2 (programa de saneamento bancário de US$ 700 bilhões lançado pelo ex-presidente George W. Bush, e implementado em duas etapas de US$ 350 bilhões) não são suficienteS. Você precisa de mais US$ 1 trilhão, US$ 1,5 trilhão de dinheiro para recapitalizar os bancos. É um problema fiscal maciço.

Brasil

O crescimento no Brasil pode ser próximo de zero, pode ser 1%, ou pode até acabar sendo negativo. Mas para um país como o Brasil, que tem problemas de pobreza e subdesenvolvimento, qualquer coisa abaixo de 3% é um pouso forçado. Os mercados emergentes crescem potencialmente 6% a 7%, mas agora a média vai ser 2%. Isto é como se fosse uma recessão, mesmo que tecnicamente seja crescimento positivo. É tão fraco que a renda per capita real não está crescendo, o que para mim significa pouso forçado no Brasil, na América Latina, na Ásia, nos mercados emergentes.

linkLeia a íntegra da reportagem na edição desta quinta-feira, 29, de O Estado de S. Paulo

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